A 13ª edição do Mutirão Brasileiro de Comunicação é o marco de um novo tempo do maior evento de comunicação eclesial do país. O pós-pandemia trouxe para nós a nova realidade dos eventos que, se antes era uma exceção, hoje é a regra: a possibilidade de estarmos reunidos presencial e virtualmente.

Em 2021 tivemos uma edição totalmente online devido a pandemia e a arquidiocese de Belo Horizonte, com toda competência e brilhantismo, conduziu o Muticom de forma inédita e que, sem dúvida, está marcada na história do evento como a grande força da resistência, da persistência e da fé em tempos tão caóticos.

Desta forma, não poderia ser diferente: o Muticom 2023 será híbrido, com comunicadores participando em João Pessoa e em qualquer lugar do Brasil e do mundo. Assim, apontamos para o futuro que não espera, mas que terá sempre a presença da Igreja viva, transformadora e a sua comunicação evangelizadora.

 

HISTÓRIA

 

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil vem promovendo, desde 1998, os chamados Mutirões Brasileiros de Comunicação, em continuidade aos Congressos Brasileiros de Comunicação Social, promovidos pela União Cristã Brasileira de Comunicação – UCBC, que tiveram início entre os anos de 1970 e final da década de 1990. O que caracteriza os Mutirões, diferenciando-os dos Congressos, é seu objetivo específico, voltado a refletir sobre os caminhos e as perspectivas das relações entre a Igreja Católica, a sociedade brasileira e a cultura contemporânea, no campo da Comunicação.

 

O papel histórico dos Congressos da UCBC (décadas de 1960 a 1990) Os congressos da UCBC representaram, em sua época (décadas de 70 a 90), um movimento de profissionais cristãos, predominantemente católicos, apoiado pela CNBB, voltado a alcançar três grandes objetivos de interesse para a sociedade:

 

1º) Refletir sobre as políticas e as práticas da comunicação do país, no contexto da luta que se movia contra todo tipo de repressão política

 

2º) Prestar um serviço às lideranças populares e aos educadores no campo específico da formação de referenciais metodológicos para se consolidar programas de educação para a comunicação em todo o Brasil e

 

3º) Contribuir com as comunidades cristãs no sentido de promover a nascente pastoral da comunicação no país.

 

Nascia sob a liderança do Frei Romeu Dale, dominicano, assessor especial de Dom Helder Câmara nas sessões do Vaticano II e autor dos primeiros estudos em torno aos documentos da Igreja sobre Comunicação Social, a UCBC. A instituição contou sempre com o apoio do Setor de Comunicação Social da CNBB, recebendo em seus congressos, como palestrantes, bispos com reconhecida atuação no campo das comunicações sociais, como Dom Brandão Vilela, Dom Helder Câmara, Dom Ivo Lorscheiter, Dom Paulo Evaristo Arns, Dom José Maria Pires, Dom Luciano Mendes de Almeida, entre tantos outros. Os membros da UCBC tiveram participação, como colaboradores, em numerosas ações da Igreja, entre as quais a consolidação da Equipe de Reflexão do Setor de Comunicação da CNBB.

 

Com a decisão da diretoria da UCBC, em meados dos anos de 1990, de encerrar a promoção de seus congressos nacionais, as organizações de comunicação vinculadas à Igreja (além da própria UCBC, a Rede Católica de Rádios, a UNDA-BR e a OCIC-BR) uniram-se ao, então, Setor de Comunicação da CNBB para dar continuidade a nova proposta que emergia na Igreja, os Mutirões Brasileiros de Comunicação. Emergiram com propostas voltadas para provocar debates sobre as políticas e a democratização da comunicação, as relações geradas pela cultura das novas tecnologias no campo da Comunicação e a mobilização dos agentes da pastoral da comunicação do Brasil, em eventos bianuais.

 

Irmã Élide Maria Fogolari


Jornalista e Mestra em Ciências da Comunicação, ex-assessora da Comissão de Comunicação da CNBB